O maior portal de Comunicação Visual e Serigrafia do Brasil.

Todo processo industrial gera resíduos. A busca pelo resíduo zero ou o mínimo resíduo no processo tem levado as empresas a implementar sistemas de organização e conhecimento detalhado do processo desde a ordem de chegada do serviço até a distribuição, logística e entrega, pois todos impactam o meio ambiente em menor ou maior grau, mas podemos reduzir muito quando conhecemos o que geramos e destinamos corretamente.

O descarte incorreto das sobras de alguns materiais químicos pode gerar sérios problemas legais e econômicos para as empresas e, principalmente, para o meio ambiente. Os restos de tintas, vernizes e solventes podem ser absorvidos pelo solo ou atingir as águas subterrâneas, contaminando os lençóis freáticos. O descarte em pias, bueiros e tanques está incorreto, pois levará à rede fluvial e também contaminará os cursos d’água. Ao destinar os líquidos para uma estação de tratamento, podemos diminuir a carga tóxica, dependendo da toxicidade. Ao descartar um volume muito grande dos compostos voláteis, se este for para um ambiente confinado, pode gerar gases e até provocar explosões, caso tenha uma fonte de calor.

As águas de lavagem das telas de serigrafia podem e devem ser reutilizadas com um simples sistema de reaproveitamento, por filtro, num sistema fechado.

Também devemos nos preocupar com os resíduos sólidos, como panos de limpeza, restos de fitas contaminados com tinta, entre outros.

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em sua norma NBR 10.004, de 2004, entende-se por resíduos sólidos: resíduos nos estados sólido e semissólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial e agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004). Entre as várias formas de classificação para os resíduos, a mais utilizada atualmente é baseada no potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública, segundo essa mesma norma.

Desse modo, os resíduos sólidos estão divididos em:

  1. Classe I = Perigosos: Tecidos e fitas adesivas contaminados com restos de tintas e solventes, embalagens de tintas e cola, cartuchos de impressora, óleos lubrificantes, lâmpadas e baterias (quanto a esses três últimos, recomenda-se procurar empresas especializadas para recolhimento dos materiais).

b) Classe II = Não Perigosos, sendo:

Classe II A = Não Perigosos e Não Inertes: Aparas de tecido, caixas de papelão, papel de escritório, plásticos em geral, restos de alimentos, varrição de piso, garrafas PET e baldes plásticos.

Classe II B = Não Perigosos e Inertes: Geralmente são considerados resíduos inertes as sobras ou restos de construções ou de reformas.

É recomendado procurar o órgão ambiental estadual para orientação. Aqui em São Paulo, a CETESB faz todo o processo de regulação das leis e documentação para destino correto, como o CADRI (Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental), documento exigido na fiscalização para reprocessamento, armazenamento, tratamento ou disposição final, licenciados ou autorizados pelo órgão ambiental dos destinos corretos.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Am­bien­te (UNEP), a ferramenta Produção Mais Limpa (P+L) é a aplicação contínua de uma estratégia am­bien­tal integrada e preventiva para processos, produtos e serviços, visando au­men­tar a efi­ciên­cia global e reduzir os riscos às pes­soas e ao meio am­bien­te, e é aconselhada a sua implementação nos processos produtivos.

A identificação dos aspectos e impactos am­bien­tais é uma das etapas do sistema de gestão am­bien­tal. Para facilitar esse levantamento, pri­mei­ra­men­te a empresa deve identificar todas as etapas do processo produtivo, in­cluin­do as entradas e saí­das.

A indústria de serigrafia que atua, muitas vezes, dentro de outras indústrias, como a têxtil, que é uma das indústrias de maior intensidade química no mundo, está bem atualizada em relação a alguns fornecedores, nomes famosos de moda e varejistas também. Há um programa chamado ZDHC (Zero Discharge of Hazardous Chemicals – Programa de Descarte Zero de Produtos Químicos Perigosos) que abrange diversos produtos químicos e formulações utilizados nas indústrias têxtil e de tintas. Entre as substâncias que devem ser banidas, encontram-se os ftalatos, metais pesados, fenóis, entre outros, considerados tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente, podendo oferecer risco à saúde dos trabalhadores e aos consumidores finais.

Algumas empresas de tintas para serigrafia já estão certificadas nesse programa e, assim, ao comprar dessa cadeia, a empresa também está dentro do escopo de minimizar impactos ao meio ambiente.

A informação correta é primordial para que, junto a um bom planejamento de gerenciamento do sistema ambiental, consiga-se atingir o objetivo de redução, reutilização e desperdício dos materiais, tornando a produção mais eficiente e amiga do meio ambiente.

Silvia Regina Linberger dos Anjos
www.maqtinpel.com.br

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay 

Receba nossas News

Deixe seu melhor email