Técnica tradicional da comunicação visual invade novos mercados
A resinagem é um processo relativamente simples, barato e bastante usado na área de brindes, especialmente em chaveiros; e em etiquetas, na área de comunicação visual, agregando maior valor ao produto final. Apesar de bastante concorrido, o mercado de brindes costuma apresentar uma boa rentabilidade para quem se dispõe a trabalhar na área e buscar novas formas de enobrecer seu produto. A resinagem é uma dessas oportunidades de diferenciação e não exige grande investimento, perfeito para quem não tem um alto capital para investir.
Existem dois tipos de resinas: a PU e a epóxi, essa última em versões rígida e flexível, cada uma com suas peculiaridades. A epóxi, mais simples e mais prática, dá um acabamento tipo vidro e é ideal para peças metálicas e brindes em geral, como pins, bottons, etc.; e a flexível, ideal para etiquetas promocionais. A epóxi é bem fácil de aplicar, pois basta misturar a resina com um endurecedor e aplicar na peça, com uma colher ou um frasco de catchup. É menos durável e se degrada com o tempo, sendo mais indicada para aplicações internas, que não recebam ações de intempéries. Já a PU é uma resina mais durável e não amarela, mesmo exposta às ações do tempo. É ideal para bens duráveis e é bastante usada em peças automotivas, como símbolos de montadoras e nomes de veículos. “Fomos pioneiros no lançamento da resina PU, que não existia no Brasil. No começo houve uma resistência do mercado, pois para a aplicação da mesma é necessário um equipamento que ‘desgaseifica’ a resina, evitando bolhas. Mas hoje o mercado já reconheceu a qualidade desse produto e comprou a ideia. Acabamos criando uma tendência”, explica Edilberto Leal, diretor da Alpha Resiqualy.
Agora a resina ganha novos contornos em mercados até então desconhecidos. O mais falado deles é o de decoração, com o famoso porcelanato líquido, que nada mais é do que uma resina epóxi modificada. “O uso de resina em pisos é algo muito antigo, mas se restringia ao uso em pisos industriais. Não se sabe ao certo quem deu o nome de porcelanato líquido, mas sabemos que uma grande indústria química fabricante de resina foi quem difundiu o conceito e começou a distribuir em grandes varejistas de materiais de construção, reforçando o conceito de DIY, ou faça você mesmo, o que obviamente foi um desastre total, já que a resina é um material delicado, que exige conhecimento técnico para ser aplicado em grandes áreas”, comenta Marcos Paulo Silva, gerente comercial da Alpha Resiqualy.
O fato é que o processo caiu no gosto do consumidor final e rapidamente virou febre entre os consumidores mais descolados. Para evitar o transtorno de uma reforma, muitas pessoas têm aderido ao porcelanato líquido para renovar o piso de suas residências e comércios. A vantagem é que são inúmeras as possibilidades, desde cores lisas (23, no caso da cartela de cores da Alpha Resiqualy), todas miscíveis entre si, originando uma possibilidade infinita de combinações, até o famoso efeito 3D, onde é aplicado um adesivo com uma imagem impressa e por cima é dado o acabamento transparente, possibilitando pisos 100{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} personalizados. “Existem também alguns aplicadores que fazem arte com a resina. Vão aplicando partes de uma cor, partes de outra, formando um desenho abstrato e único”, comenta Marcos.
Apesar de relativamente simples, o processo de aplicação do porcelanato líquido exige conhecimento técnico e ferramentas adequadas. “Só comercializamos o produto para quem é aplicador profissional e que já tenha feito o curso. Para que a aplicação fique perfeita e o cliente satisfeito, é necessário seguir todas as etapas do processo, caso contrário, há a possibilidade de pequenas bolhas e imperfeições ficarem bastante visíveis”, comenta Marcos.
O primeiro passo é lixar a cerâmica com lixa diamantada para retirar todo o verniz protetor do piso. Esse processo garante a aderência do material ao piso original. “Sabemos que há muita gente no mercado que pula esse passo essencial e compromete a qualidade do processo”, ressalta. Após retirado o verniz, aplica-se uma massa para nivelar as emendas de rejuntes e também imperfeições do piso, sendo necessário desbastar depois de seca, para deixar bem nivelada. Só então é aplicado um primer que fará a promoção da ancoragem da resina. “O diferencial da nossa empresa é que disponibilizamos o primer já na cor do acabamento, diminuindo muito a quantidade de material a ser usada, especialmente em casos de cores claras. Imagine você usar um acabamento branco sobre um primer cinza, por exemplo. A quantidade de material utilizado para cobrir o cinza é muito maior. Aqui temos as 23 cores de primer disponíveis”, diz. Após esse processo é aplicada a resina de acabamento e por último a resina de proteção, esta transparente. No caso de pisos com efeito 3D, onde são utilizados adesivos impressos, o adesivo deve ser aplicado em cima da resina de acabamento, antes da resina transparente de proteção. “Também sabemos que algumas pessoas aplicam o adesivo direto sobre o primer, mas não recomendamos, pois qualquer pequena imperfeição do piso ficará bastante evidente”, explica o gerente.
O intervalo entre as etapas do processo deve ser de 12 a 18 horas, portanto, a aplicação está condicionada à desocupação do cômodo em que será aplicada. “Apesar de não ter solvente e não exalar cheiro forte e prejudicial à saúde, o processo exige esse intervalo entre as aplicações e, para ser feito de forma satisfatória, são necessários alguns cuidados como, por exemplo, não aplicar em dias úmidos e proteger o local de poeira e quaisquer outros resíduos. Estamos desenvolvendo um material específico para regiões com alta umidade, como Manaus, por exemplo, mas ainda está em estudos. Também é necessário o uso de ferramentas adequadas para a aplicação, como o sapato de prego, o rolo dentado para controle da altura do material, a espátula para cantos e o rolo fura bolhas, além de utilizar camisetas de mangas compridas e touca nos cabelos na hora da aplicação, para evitar que pelos ou fios de cabelo se depositem sobre a resina e estraguem o trabalho”, alerta. Para aplicação, são necessárias no mínimo duas pessoas, já que uma vez misturada, a resina deve ser aplicada em no máximo 10 minutos. “Recomendamos 3 pessoas para o processo, assim, enquanto um mistura, o outro aplica e o terceiro já vem com o fura bolhas. Essa é a maneira eficiente e correta de aplicação”, explica Marcos.
Basicamente, os cuidados com o porcelanato líquido são os mesmos que de qualquer piso delicado: usar protetor para pés de cadeiras, sofás e outros móveis, fazer a limpeza normal de qualquer outro piso e tomar cuidado com os saltos de sapatos. O porcelanato líquido também não é recomendado para áreas externas que fiquem expostas ao sol, pois a resina reage com os raios ultravioleta e amarela com o tempo.
Outro mercado em que a resina vem entrando com destaque é o de artesanato. São diversas as técnicas para aplicação de resinas em peças de bijuterias, caixas, bandejas de café da manhã, entre outros. O grande destaque do momento são os colares, presilhas de cabelo, chaveiros, brincos e anéis de resina em formatos variados, que levam dentro elementos naturais, como flores desidratadas, conchas, pedras brasileiras e até alguns animais, como insetos e estrelas do mar. A técnica vem encantando consumidoras em todo o Brasil e impulsionando o artesanato informal no Brasil. “Por ser uma técnica muito simples e barata, a resina tem possibilitado a entrada de muitos empreendedores nos mercados de artesanato e moda e vem promovendo uma renda extra importante para muita gente. Para começar, basta ter moldes nos formatos que a pessoa desejar e a própria resina. No caso de moldes de aço inox, é recomendável que estes sejam polidos internamente para que a peça tenha o mesmo aspecto em todas as suas faces. Nesse caso, é recomendável usar um desmoldante para facilitar a retirada da peça. No caso de moldes de silicone, nem essa etapa é necessária, bastanto colocar o elemento que se deseja no molde, completar com resina e aguardar o tempo de secagem antes do acabamento (cordões, correntes, argolas, etc.)”, explica Marcos.
Outra técnica é o uso de resina colorida para a confecção de bijuterias e chaveiros. “Nesse caso, como normalmente são detalhes muito delicados, recomendamos o uso de um equipamento chamado dosador, onde você consegue regular o tamanho da gota aplicada e ter um maior controle do processo”, explica. Nesse caso, as peças produzidas ganham uma cara menos artesanal do que o processo anterior e acabam sendo inseridas em larga escala no mercado de moda. São resinas coloridas aplicadas sobre materiais metálicos que promovem o aspecto de pedras e criam um material mais sofisticado. “Também é possível utilizar a resina como uma espécie de cola para as próprias pedras. Como ela adere muito bem ao metal, é uma excelente solução”, comenta Marcos.
A Alpha Resiqualy também comercializa o Liquividro, uma resina especial para a confecção e proteção de tampas e laterais de caixas de madeira, bandejas de café da manhã, entre outros produtos. “O material é amplamente utilizado em artesanato para substituir o vidro e dar uma aparência mais profissional às peças. São muitas as aplicações e possibilidades. Nesse caso, o limite é a imaginação de cada artesão”, finaliza.
Agradecimentos: Contultoria Técnica – Alpha Resiqualy (www.resiqualy.com.br)