Em 64 A.C., Roma foi destruída pelo fogo. Nero, enquanto isso, tocava displicentemente sua harpa. De positivo, uma nova Roma foi reconstruída com novas propostas arquitetônicas capazes de protegê-la contra novos incêndios. É claro que nada disso é comprovado historicamente, mas serve de base para uma tentativa de reinventarmos a história, só que dessa vez, no Brasil. O fogo é capaz de destruir mas também de desinfetar, purificar e fazer renascer. O Brasil precisa renascer das cinzas assim como a Fênix.
2016 foi um ano incendiário e vai ser muito difícil esquecê-lo. Tudo de bombástico aconteceu nesse ano. 2016 foi um ano trágico para o Brasil. Ao vocabulário dos brasileiros foram incorporadas palavras raramente ditas, mas que hoje fazem parte do nosso dia a dia, senão vejamos: prisão preventiva, prisão temporária, condução coercitiva, “trust”, usufrutuário, pixuleco, delação premiada, acordo de leniência, repatriação, “offshore”, navio sonda, operação Aletheia, operação Catlinárias, Lava Jato, Moro e muitos outras que se fosse escrever, não caberiam no espaço dessa coluna. Ficamos mais cultos em 2016, mas o preço desse aprendizado foi e será difícil de suportar.
Fechamos o ano com um retrocesso impressionante em todos os sentidos. Não tínhamos a noção de quantos políticos fizeram Ali Babá ser comparado a um reles ladrão de galinha. E os quarenta ladrões não representam nada, são absolutamente insignificantes diante das centenas ou milhares de gatunos que atuam na política brasileira. Basta dizer “abre-te, Sésamo!” e os cofres do erário público despejam milhões, bilhões de dólares nas contas dos políticos brasileiros pelo mundo afora. 2016 foi o ano do escárnio, da mentira, do conchavo, da chicana, da descoberta que nos últimos treze anos nunca antes nesse país houve tanta roubalheira. De Cabral a Cabral, o Brasil vai mal. De Nero a Moro, o Brasil pode renascer do fogo renovador, purificador, das cinzas da velha política.
2016 teima em não acabar, mas ainda temos a chance de tocar pandeiro, reco-reco e tamborim enquanto as chamas ardem na capital do poder. Que em 2017 o renascimento do Brasil seja transformador do ponto de vista da cultura da ética, do respeito ao bem público e privado e da consciência de que política deve ser praticada em benefício da nação.
Aos profissionais, empresas e empresários que atuam no fascinante segmento de comunicação visual e serigrafia no Brasil, desejo um Ano Novo realmente novo, renascido das cinzas…
Sinval Lima