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Sinval Lima
sinval@brisk.com.br

Descobrimos que feliz ano novo quer dizer feliz continuidade do ano velho. Mas como comemorar o início de um ano novo se não tivemos absolutamente nada para comemorar ao longo do ano velho? Como comemorar sabendo-se que tudo de ruim que aconteceu no ano velho irá se prolongar ao longo do ano novo? Difícil mas não impossível. Vamos então comemorar o ano velho porque o ano novo pode ser pior. Estamos cercados por todos os lados. Perdemos a confiança nos políticos, partidos, empreiteiros, lobistas, doleiros, banqueiros e qualquer cidadão ligado a quaisquer empresas públicas e até mesmo a algumas privadas, sem trocadilho com a situação do Brasil, é claro! Eu diria que em tempos de pau de selfie, pau de galinheiro seria mais apropriado para qualificar a nossa situação política. A sujeira e o mau cheiro que exala por todos os lados é insuportável.

Conseguimos provar ao mundo que o crime compensa. O roubo, a corrupção e todos os desmandos institucionalizados no Brasil comprovam isso de maneira incontestável. As cadeias estão lotadas de políticos e empresários criminosos, ladrões, corruptos, mas todos cheios de grana, grana essa roubada do povo, que se a lei os obrigasse a devolver, melhoraria em muito os aspectos sociais carentes no país. Se já havia deficiência nos serviços públicos, essa deficiência foi superada pela falta, mas o que mais dói no coração do povo brasileiro é a maior de todas as faltas: a moral. Mesmo assim, o brasileiro é um povo cordial, pacato e sem querer ofender o bichinho, verdadeiro carneirinho. Sai às ruas para protestar pelo aumento de trinta centavos na passagem do transporte público, mas fica em casa assistindo televisão enquanto bilhões de dólares são depositados em contas no exterior. Os estudantes invadem escolas em protesto contra a reforma educacional enquanto os ratos fazem a festa.

É melhor ter dinheiro para pagar as contas ou ficar brigando por centavos? Protestar por escola pública de qualidade e calar-se diante da gatunagem que assola o país? Pobre Brasil. Por mais quanto tempo ainda ficará deitado em berço esplêndido? Quando descobrirá o poder do gigante? Quando perceberá que teu povo está fugindo à luta? E o brado retumbante do teu povo heróico, quando? E o sol da liberdade, quando brilhará no céu da pátria amada? Quando? Ah! Só depois do carnaval! O povo nas ruas, soltando o seu grito de liberdade, vivendo seus sonhos, sambando em total liberdade, o som das baterias ecoando na avenida. Ah! Como é bom ser um povo feliz… Depois a ressaca, a letargia, a passividade, a espera… Até quando? Mas uma pergunta deve ser respondida dilma vez: quando lulalá estará lá? Com trocadilho e tudo… Feliz Ano Novo a todos.

Sinval Lima é Diretor da Brisk

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