Uma grande oportunidade para expressão artística e criação de produtos únicos

por * Herculano Ferreira

Corrosão é um tipo específico de sistema de decoração, pintura, carimbo ou impressão desenvolvido para descolorir tingimentos feitos com corantes aplicados em tecidos. O responsável pela ação de descolorir é um redutor – por exemplo o sulfoxilato de zinco. Há vários processos de cor-rosão que podem ser aplicados sobre os três tipos principais de corantes – reativos, ácidos e dispersos. Um exemplo à parte é a corrosão com cloro e com permanganato de sódio que é realizada a frio sobre corantes índigo.

As corrosões contam com receitas muito diversificadas e podem ser apli-cadas sobre reservas impostas por outros produtos ou podem ser aplica-das diretamente sobre tecidos tintos para gerar áreas brancas ou coloridas.  O exemplo do lado é um tecido de jeans impresso com corrosão de cloro ou de  permanganato de potássio. O mesmo trabalho poderia ser realizado com algumas diferenças aplicando uma imagem branca com alguma receita de reserva para depois o fundo ser descolorido com uma receita de corrosão.
As corrosões contam com receitas muito diversificadas e podem ser apli-cadas sobre reservas impostas por outros produtos ou podem ser aplica-das diretamente sobre tecidos tintos para gerar áreas brancas ou coloridas.
O exemplo do lado é um tecido de jeans impresso com corrosão de cloro ou de permanganato de potássio. O mesmo trabalho poderia ser realizado com algumas diferenças aplicando uma imagem branca com alguma receita de reserva para depois o fundo ser descolorido com uma receita de corrosão.

Seja qual for o processo de corrosão, espera-se o mesmo resultado – a destruição da cor do tingimento na área onde foi aplicada a impressão. Se a área previamente tinta com um corante se torna branca ou incolor por corrosão, o processo é denominado “corrosão branca”. Se a área colorida é descarregada e recolorida por meio de uma formulação de corrosão pigmentada, o processo é denominado “corrosão colorida”. Na corrosão colorida a composição é carregada com um pigmento que resiste ao redutor. O resultado final da corrosão depende do grau de resistência do corante do tingimento ao redutor, às características das receitas e do processo de aplicação e revelação da imagem. Assim, o mesmo processo de corrosão pode render várias tonalidades de cor, de branco e de cinzas ou nenhum resultado quando aplicado em tecidos tintos diferentes e impressos ou revelados precariamente.
As características principais das imagens processadas com corrosão são toque zero e alto rendimento de cor em tecidos de fundo escuro, sem necessariamente usar pigmentos brancos opacos para anular a influência da cor de fundo. Um talento único dos processos de corrosão é a capacidade de impor uma imagem nítida de cores brilhantes e muito bem encaixadas em tecidos de fundo escuro usando impressoras têxteis rotativas, equipamentos que não têm secadores para auxiliar o processo de impressão. As formulações de corrosão base de água é a única, até hoje, capaz de realizar a proeza de imprimir cores limpas e plenas e gerar toque zero em tecidos escuros sem usar opacificantes e secadores, sem borrar a estampa.

As técnicas de corrosão são uma grande oportunidade para expressão artística e criação de produtos únicos e de alto valor visual. As preparações de corrosão podem ser aplicadas nos te-cidos por meio de Serigrafia plana ou rotativa, por pintu-ra manual ou automática, com carimbos tradicionais e outros alternativos como borrachas de EVA. Uma simples fruta cortada e usada como carimbo pode render efeitos de corrosão inusitados.
As técnicas de corrosão são uma grande oportunidade para expressão artística e criação de produtos únicos e de alto valor visual.
As preparações de corrosão podem ser aplicadas nos te-cidos por meio de Serigrafia plana ou rotativa, por pintu-ra manual ou automática, com carimbos tradicionais e outros alternativos como borrachas de EVA. Uma simples fruta cortada e usada como carimbo pode render efeitos de corrosão inusitados.

Em linhas gerais há três receitas de corrosão:
1- Corrosão Incolor – É a receita mais simples – água, espessante, redutor e algum auxiliar de u-mectação. Essa receita não pode ser colorida porque não há resinas de fixação. O resultado impresso é branco ou cru conforme a cor de fundo do tecido antes de ser tingido.
2- Corrosão Colorida – É a mesma receita de corrosão incolor acrescida de resinas de fixação. Essa pode ser colorida e o resultado de impressão é o mesmo de uma tinta clear transparente com o diferencial e alto rendimento de cor na impressão sobre fundos escuros.
3- Corrosão Branca – O conteúdo básico é a pasta de Corrosão Colorida acrescida de pigmento branco. O resultado de branco é mais limpo e alvejado em relação aos tons crus da corrosão incolor. Essa receita também pode ser colorida para imprimir cores semi opacas de baixo toque e alto rendimento em fundos escuros.

Cura térmica

Nos processos de corrosão de revelação da imagem por meio de calor é muito importante lembrar que a descarga do corante só se dá quando a impressão é submetida ao ar seco aquecido ou a vapor aquecido por tempo e temperatura tais que permitam acionar o processo de destruição do corante. A imagem e a cor são reveladas somente após a cura realizada na fonte de calor. A cura pode ser feita em túneis de calor seco ou por vaporização de baixa pressão a 101 graus ou em ambiente de vaporização HT (alta temperatura acima de 101 graus). Além de possibilitar cores mais profundas, toque absolutamente zero e acabamentos excelentes, a vaporização também abre outras possi-bilidades de aplicação da corrosão em tecidos e corantes diferentes do Reativo e dos tecidos celulósicos de algodão e viscose.

Exemplo de corrosão incolor
Exemplo de corrosão incolor

Acabamento

A rigor, toda aplicação de corrosão, seja ela uma pintura, carimbo ou impressão, precisa ser la-vada antes da peça ser usada. Os argumentos de que se pode simplesmente aplicar, curar, costurar a roupa e vender ao cliente, sem lavar, deve ser visto com cautela. As peças precisam ser lavadas para eliminar contaminações graves – o cheiro forte de enxofre e os resíduos de formaldeído provenientes do redutor. Hoje o cheiro pode ser eliminado quase totalmente por produtos novos embutidos nas tintas, porém restará o formaldeído, caso o redutor seja baseado neste produto. Se a peça não for lavada, o cliente estará sendo exposto a sérios riscos de saúde.

O agente de corrosão

Toda receita de corrosão é composta por uma base inativa e um agente ativo que é misturado na base no momento de uso. Passadas 6 a 12 horas o agente tem o seu poder de ação reduzido e a formulação se torna uma tinta normal com capacidade de somente colorir ao invés de descolorir. As receitas de corrosão organosol são exceção porque podem durar mais de 30 dias com o agente de redução ativo.
O redutor mais popular nas receitas de corrosão de corantes reativos aplicados em tecidos celulósicos é o sulfoxilato de zinco (ZFS). Outro redutor bastante comum na corrosão é o dióxido de tioureia. Além de ser o responsável pelo funcionamento da receita, o agente redutor causa o mau cheiro típico da aplicação e a contaminação por formaldeído. Há uma relação direta entre a quantidade de agente de corrosão com o rendimento de cor, o odor residual e a quantidade de formaldeído residual. Quanto maior for a quantidade de redutor, mais consistência de cor e mais odor e formaldeído resta na impressão. Em geral, nunca será necessário usar menos que 1{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} e não mais que 10{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048}. Na média, 4 a 5{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} são considerados como referenciais para cores cheias, porém a quantidade específica e certa para cada trabalho e processo só pode ser determinada por testes aplicados em amostra de cada lote de tecido que será estampado, já que os corantes têm resistência variável aos agentes de corrosão – alguns podem ser totalmente descoloridos, outros podem ser parcialmente e outros são totalmente resistentes.
A mistura do redutor na tinta deve ser feita de forma perfeita para não deixar grumos:
– É aconselhável dissolver o redutor em aproximadamente 5{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} de água em relação ao volume de tinta;
– Aguardar 5 a 10 minutos;
– Tornar a misturar;
– Juntar e misturar a solução de redutor com a receita;
– Aguardar 10 minutos e tornar a misturar antes de usar.

Receitas de corrosão híbridas

As receitas híbridas óleo em água, ou organosois são formulações com menor taxa de evaporação e no geral são mais fáceis de aplicar que as receitas de água. A água precisa ser mantida na mistura até que a imagem produzida com corrosão seja levada para o equipamento de cura. A água é a garantia que a receita irá funcionar porque o agente de corrosão só pode ser ativado por calor e na presença de água e nas emulsões mais pesadas é mais fácil controlar a evaporação.
Apesar da presença de água ser fundamental para o funcionamento das tintas de corrosão, também é necessário que, no processo de cura, toda a água seja extraída da imagem aplicada para que seja gerada a cor mais plena e limpa e o menor odor seja garantido após a cura da impressão. Porque as receitas de corrosão de água possuem muito mais água, exigem tempo de cura mais longos, o que dificulta a cura adequada em equipamentos curtos e rápidos. Além da segurança de cura, as receitas de corrosão híbridas oferecem um pouco mais de cobertura e com isso facilitam o controle de tonalidades de cor e estabilidade do processo de aplicação, mas vale lembrar que a segurança de cura, prevenção de odor residual e contaminação por formaldeído só pode ser garantida com equi-pamentos, tempos e temperatura de cura mais longos e lavação da peça final. O processo de aplicação de produtos híbridos pode ser realizado da mesma maneira que se realiza os processos de impressão dos plastisois convencionais.

A imagem da esquerda mostra um trabalho de impres-são serigráfica reali-zado com uma recei-ta de corrosão incolor. A foto da direita mostra o resultado de uma corrosão branca. Combinada com corrosão colorida.

Receitas de corrosão base de água ativadas com dióxido de tioureia

As receitas de corrosão ativadas por dióxido de tioureia têm funcionamento bastante próximo das composições de formaldeído e foram desenvolvidas para melhorar a gestão dos resíduos de formaldeído. Alguns cuidados de armazenamento, transporte e manipulação devem ser observados no caso da tioureia: o produto em si é considerado perigoso por ser auto-combustível e por isso sofre restrições nas leis de transporte.

Métodos de aplicação de tintas de Corrosão por Serigrafia

Na Serigrafia há três métodos distintos de aplicação das tintas de corrosão:
1- Método tradicional – Todas as cores são impressas com tintas de corrosão transparente, branca ou colorida, exceto as cores sujas, escuras e o preto. Este método dispensa o uso de bases brancas e secagem intermediária. Nas imagens reticuladas com muita sobreposição deve ser usada corrosão transparente. A corrosão branca colorida deve ser usada nas imagens formadas por cores spot.
2- Impressão de Branco Base com tinta branca ou incolor de corrosão – Somente a base branca é impressa com tinta de corrosão. As demais cores são impressas sobre essa base usando tintas convencionais, preferencialmente clears. O uso de secagem intermediária é opcional e deve ser regulado conforme se comporta a imagem e suas zonas de detalhe fino. A base impressa com tinta de corrosão branca funciona muito bem com cores spot. A corrosão transparente funciona melhor com cromias reticuladas onde há mais superposição de cores.
3- Branco Base impresso com tinta de corrosão incolor – Trata-se da inversão do método anterior: primeiro são impressas as cores com tintas convencionais. Completada a impressão as cores de-vem ser secas. A última cor a ser impressa é a base branca composta por clear de corrosão incolor e esta deve cobrir todas as áreas de cor, exceto as áreas de cores acima de 50{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} de saturação e o preto. Ou seja, no Photoshop a curva do canal de Branco Base Corrosão deve se limitar à Máxima de 60{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048}.
O resultado dos dois últimos métodos pode ser bem diferente: no método 2 as cores impressas podem ser mais esmaecidas e as margens mais borradas. No método 3 as margens de contato das cores podem ser melhor recortadas e a intensidade pode ser melhor preservada. Em qualquer caso o toque é melhor do que o que se consegue com a impressão tradicional com tintas de plastisol e tintas convencionais aplicadas em fundos escuros.
O grande diferencial das receitas de corrosão está no toque leve e cores altas em tecidos escuros. Na produção, a facilidade de trabalho sem uso de bases brancas opacas ajudam muito. De modo geral, a impressão em fundo escuro flui mais naturalmente, não somente por causa do melhor controle de entupimentos de telas, mas também porque a descarga de tinta pode ser menor e o uso de secagem intermediária é dispensável na grande maioria dos trabalhos. Se as cores forem preparadas aos poucos e dentro do volume necessário para trabalhar não mais que oito horas, praticamente não há perda de material de corrosão.

Segurança e saúde no trabalho

Todas as receitas corrosão são combinações de vários tipos de químicos e alguns desses compostos são seguros e outros não. Em termos de risco, o que mais se destaca na corrosão são os redutores (ou agentes de corrosão) e os fixadores de resinas de melamina. Os redutores mais comuns são o sulfoxilato de zinco (ZFS), sulfoxilato de sódio e o dióxido de tioureia.
Durante o aquecimento e a cura das aplicações de corrosão há liberação de gases de formaldeído e de dióxido de enxofre como produtos secundários do processo de redução. O formaldeído é um conhecido carcinogênico humano e para que pessoas não sejam afetadas no trabalho é crucial capturar os gases que saem das polimerizadeiras e dirigi-los para fora o ambiente operacional. Para que haja garantia desse princípio, os equipamentos de cura devem ser bem ventilados por dentro e os gases devem ser canalizados para o exterior do ambiente de trabalho. Em nenhuma hipótese devem ser usados equipamentos sem ventilação e captação de gases.
O dióxido de tioureia e o ZFS deve ser manipulado com cuidado, pois é um material oxidante que deve ser mantido em embalagens bem fechadas e todos os cuidados devem ser tomados para que o material não seja espalhado no ambiente, apesar de nenhum dos dois materiais emitirem com-postos orgânicos mensuráveis ou exigirem fichas de segurança especiais. Ocasionais contatos com a pele não representam riscos imediatos à saúde. É preferível trabalhar as corrosões compostas com o dióxido de tioureia porque esse produto não gera resíduos de formaldeído.
O descarte de lixo proveniente de receitas de corrosão deve ser cercado dos mesmos cuidados inerentes a qualquer outra formulação de tinta industrial líquida. Na maioria dos países, tintas líquidas são consideradas material perigoso ao ambiente como também é indesejado nos sistemas de tratamento. Para garantir que restos de preparações não sejam despejadas na natureza, é melhor não deixar sobrar e de uma forma ou de outra usar o que porventura sobrar: As sobras de tintas de corrosão colorida e branca podem ser utilizadas como tintas comuns para impressão de tecidos claros, porque não há nenhum inconveniente técnico para uso de tintas com prazo de validade do agente de corrosão vencido, desde que não seja aplicado em fundo escuro e com a finalidade de descarregar a cor de corantes.

Pós-produção

Tecidos impressos com corrosão podem ter níveis de formaldeído detectáveis e por isso as roupas impressas com tintas que contenham o contaminante devem ser lavadas. Se a peça não for lavada previamente um cuidado que pode ser tomado em favor da segurança é a colocação de uma etiqueta especial aconselhando que o comprador lave a roupa antes de vesti-la pela primeira vez. A União Europeia estabelece um teor máximo de 75 ppm de formaldeído em roupas para crianças. As impressões com corrosão que não tenham sido bem curadas em equipamentos ventilados e com sucção dirigida para o exterior e que não tenham sido lavadas, não conseguem atender este limite.

Recomendações

As formulações de corrosão podem ter um importante papel no mix de produtos têxteis. Suas qualidades são únicas – cores intensas e sem toque em fundos escuros, alta produtividade e facilidade de aplicação são alguns desses talentos, porém é uma técnica que exige acompanhamento cuidadoso na preparação, aplicação e acabamento. Sem os devidos cuidados, a corrosão pode se tornar uma fonte de prejuízos – desprendimento de mau cheiro, formaldeído excedente, cores fora de tom, resultados inconsistentes, etc..

Opções técnicas para substituir tintas de corrosão na Serigrafia

O resultado de impressão com tintas de corrosão é excepcional e pode se dizer que esse produto e insubstituível em suas aplicações específicas. Mesmo sendo assim, há no mercado vários produtos de grande performance industrial, de excelente toque, que não entopem, de alto rendimento de cor e que não precisam ser lavados antes de usar. Os exemplos mais notáveis são as tintas para impressão em telas finas – plastisois de toque macio, organosois, tintas híbridas e tintas de água de tecnologia nano partículas.

Tintas de corrosão na impressão digital

A impressão jato de tinta já conta com equipamentos desenvolvidos para trabalhar com receitas de corrosão para substituir as tintas brancas e é possível que no futuro os processos de descarga de corantes venham a ocupar um importante lugar na impressão digital. As vantagens que já podem ser vistas são a velocidade de impressão das áreas brancas da imagem, toque excelente e alto rendimento de brilho e contraste de cores. Também a aplicação de imagens coloridas sobre tingimentos realizados nos sistemas convencionais pode resolver o maior problema da impressão digital – rendimento de cores saturadas e muito altas que até hoje só podem ser produzidas em impressão de cilindros ou em impressoras digitais dotadas de muitas cabeças de impressão carregadas com cores repetidas para garantir saturação máxima. Uma impressora com tal configuração, contando com a tecnologia de cabeças de impressão de hoje, custa muito caro.

Herculano Ferreira é consultor de tecnologias de impressão e tintas há 25 anos. É sócio proprietário da empresa de consultoria ArtZone e da Open W Tecnologia Jato de Tinta.
www.artzone.com.br – openw.com.br
herculano@openw.com.br

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