Silvia Regina Linberger dos Anjos
Até o fechamento dessa coluna, ainda não tínhamos a conclusão final da reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) para discussão das mudanças climáticas, a denominada COP 21, realizada esse ano em Paris, na qual 195 países deverão adotar o documento internacional mais importante do início desse século: um acordo que estabelecerá como a humanidade deverá combater a mudança climática para os próximos anos.
Com reforço na segurança, por causa do atentado à casa de shows Bataclan, assumido pelo Estado Islâmico semanas antes, a reunião está acontecendo da mesma forma e com os mesmos protestos. Organizações não governamentais (ONG’s) de todo o mundo, organizações sindicais e da sociedade civil colocam os países ricos sob forte pressão, sob o ponto de vista da cobrança do dever que esses países têm de garantir a redução do aumento do aquecimento global e o auxílio efetivo aos mais pobres, ao criar um regime para a proteção das populações mais vulneráveis do planeta, que já são prejudicadas pelas mudanças climáticas. Pontos como a pouca ambição e a falta de acordo sobre financiamentos de ações, transferências de tecnologias, revisão das políticas de reparação por perdas e danos são algumas das grandes lutas desses representantes.
O Acordo de Paris, como será chamado, começou a ser negociado na segunda semana do encontro de 12 dias. São muitas variáveis, há muitos elementos que permitirão um acordo bem simples que não levará a um bom resultado com relação às mudanças climáticas, assim como poderá ocorrer um delineamento muito bom para a descarbonização da economia. Para o que todos nós queremos, que é um acordo que pare o avanço do aquecimento global e a diminuição da pobreza, a transparência é um dos pilares que mais devem requerer atenção dos países. É também o mais polêmico, porque 195 países com culturas diferentes e pensamentos políticos e econômicos muito complexos, fazem dessa reunião um grande debate por mudarem de opinião repentinamente e por detalhes que, por vezes, nós não entendemos, exatamente por possuirmos culturas e posições diferentes.
O Brasil propôs criar um novo mercado de Carbono, abandonando os existentes MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo) onde, de uma forma mais simples de entender, as empresas dos países em desenvolvimento que reduzem suas emissões, podem vendê-las para os países desenvolvidos como créditos de Carbono. Talvez isso não aconteça, pois apesar de ser líder dos países chamados BASIC [Brasil, África do Sul, Índia e China], parece que a voz não está ativa e sim só como ouvinte. Esperamos que até o final dessa reunião o posicionamento do Brasil seja melhor e que possamos para as próximas décadas nos orgulhar desse fato histórico, pela nossa participação.
Vamos, enquanto isso, continuar em nossas empresas, a agir de forma ambientalmente correta. Desde uma simples coleta de resíduos adequada até uma mudança de processo ou tecnologia que melhore o desempenho energético e de insumos, melhorando o desempenho e, com certeza, caminhando para a economia verde, de baixo carbono.
Bom final de ano e que 2016 seja um reflexo do bem de nossas atitudes!